domingo, 19 de abril de 2009

Obama faz sucesso na Cúpula das Américas




Por Pascal Fletcher

PORT OF SPAIN (Reuters) - Líderes latino-americanos estão considerando um sucesso a Cúpula das Américas que se encerra neste domingo e que consagrou o presidente americano Barack Obama como parceiro positivo no hemisfério, alguém que conseguiu conquistar até mesmo críticos ferrenhos dos Estados Unidos.

Uma cerimônia formal de encerramento no domingo deve concluir a Quinta Cúpula das Américas, realizada em Trinidad e Tobago e que apresentou Obama à região, onde o antiamericanismo é aceito há muito tempo como reflexo nacionalista.

Contrastando com a cúpula anterior, realizada na Argentina em 2005 e que terminou com desavenças, a reunião em Port of Spain foi repleta de sentimentos positivos projetados pelo novo e jovem presidente americano, que prometeu a seus pares uma parceria cooperativa entre iguais.

"Fizemos muitos avanços. Diante da expectativa original de tensões, acho que o fato de a cúpula ter sido cordial deve ser qualificado como sucesso," disse a jornalistas o presidente da República Dominicana, Leonel Fernandez.

Obama teve que enfrentar um coro de chamados pelo fim do embargo comercial a Cuba, mas isso não o impediu de discutir com os outros 33 chefes de Estado a crise econômica global e os desafios regionais de energia e segurança.

O primeiro presidente negro da história dos EUA parece ter feito sucesso junto a seus colegas da região, mesmo com aqueles que descreveram seu predecessor, George W. Bush, como a epítome diabólica do imperialismo.

O mais veemente crítico de Bush, o presidente venezuelano Hugo Chávez, demonstrou civilidade afável em relação a Obama, dizendo a ele em inglês "quero ser seu amigo" e presenteando-o com um livro sobre a América de um autor esquerdista, Eduardo Galeano.

Chávez sentiu-se suficientemente tranquilizado por Obama para propor a indicação de um novo embaixador a Washington, para restaurar as relações normais entre EUA e Venezuela. Em setembro passado ele expulsou o enviado americano a Caracas, e Washington reagiu expulsando o embaixador venezuelano, devido a uma disputa sobre as atividades dos EUA na Bolívia.

Washington considerou "positiva" a iniciativa para restaurar os embaixadores.

Chávez liderou um grupo de presidentes de esquerda, incluindo o boliviano Evo Morales, o nicaraguense Daniel Ortega e o equatoriano Rafael Correia, que criticaram a ausência de Cuba na cúpula e rejeitaram o rascunho de declaração final, considerando-a incompleta.

Eles disseram que o documento não tratou da exclusão de Cuba e não oferece soluções concretas à crise econômica global que ameaça levar milhões de pessoas na região de volta à pobreza.

"CLIMA POSITIVO"

A declaração, que contém mais de 60 parágrafos e na qual diplomatas trabalharam durante meses, expressa o compromisso dos líderes do hemisfério com "garantir o futuro de nossos cidadãos, promovendo a prosperidade humana, a segurança energética e a sustentabilidade ambiental."

Em vista das objeções feitas ao documento por alguns dos presidentes, não era certeza se ele seria formalmente assinado.

Líderes regionais disseram, entretanto, que esse fato não diminuiria o espírito de modo geral positivo e os avanços feitos nessa cúpula.

"Acho que a cúpula foi um grande sucesso graças à qualidade do diálogo que ocorreu entre os presidentes," disse a jornalistas o secretário-geral da Organização de Estados Americanos, José Miguel Insulza.

"A presença do presidente Obama certamente fez uma contribuição forte ao clima positivo e ao êxito da cúpula," disse ele, acrescentando que os líderes tiveram conversações substantivas sobre a crise econômica e outras questões.

Insulza acha que a cúpula não foi prejudicada pela discussão sobre as relações EUA-Cuba que dominou a fase que a precedeu.

As esperanças de uma aproximação entre Washington e Havana aumentaram depois de Obama e o presidente cubano Raúl Castro terem assinalado sua disposição em dialogar para tentar pôr fim ao conflito ideológico de longa data entre seus países.

Na sessão inaugural da cúpula, na sexta, Obama disse que quer "um novo começo" com Cuba e, no início da semana, fez um gesto positivo, afrouxando algumas das restrições do embargo americano.

O líder americano também deixou claro que quer que Cuba faça a recíproca, aumentando as liberdades políticas de seus cidadãos.

Havana já rejeitou no passado a imposição de tais condições à melhora das relações, tachando-a a de ingerência em sua soberania.

Apesar da necessidade de mais medidas concretas para substanciar o discurso conciliador de ambos os lados, muitos acreditam que podem ter sido criadas as condições para um avanço real nas relações entre EUA e Cuba.

"Na próxima cúpula, dentro de três anos, acho que é razoável imaginar que Cuba esteja presente," disse Insulza.

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